Algo acontece dentro de mim, quando estou em contato
com a Umbanda. As mãos soam, o corpo treme, o coração palpita forte, os olhos
se enchem de lágrimas, o sorriso rouba a boca.
É indefinível o que se sente, e ao mesmo tempo se define
como sublime, arrebatador, constante, forte, singelo, racional, emocional...
Não é absurdo dizer que a Umbanda é a razão da minha vida,
pois foi ela que me devolveu tudo, ou me deu, ou então me emprestou, tudo o que
é dela é meu e o que é meu é dela.
Permita-me chamar a Umbanda de Mãe, isso, ela é Mãe na mais
perfeita etimologia e concepção.
Mãe generosa, acolhedora, compreensiva, mas também rígida e
não menos amorosa por isso.
Que não me interpretem como fanático ou proselitista, mas Umbanda
é o chão que eu piso, é aroma pois Umbanda cheira a cravo, rosa e flor de
laranjeira, é meu toque, minha paixão e meu amor, é minha irmã, amiga e
conselheira, é a força que me dá vida e a grandeza me conduz.
Amor transcendental, vai além das barreiras da cor, raça,
opção sexual e até de religião.
Pai Francisco de Aruanda disse que se Umbanda não se
chama-se Umbanda poderia se chamar tão simplesmente: CARIDADE, e não esta
enganado, pois Umbanda é boa disposição de ânimo para com toda criatura, é o amor
que faz e não apenas se sente, é bondade; benevolência; indulgência; perdão;
compaixão.
É santa, pois só uma santa não coloca limites para ajudar os
que dela se aproxima.
É corajosa pois só quem tem coragem, não se prende a tabus e
dogmas.
É humilde pois aceitou diversas origens e influências para
se formar e ser o que é.
É agregadora, pois não nega e nem blasfema as outras
religiões, pois vê em todas elas vias evolutivas para o ser humano.
É tudo e nada ao mesmo tempo, tudo pra quem quer que seja
tudo e nada pra quem quer que seja nada.
Ela não se envaidece pois sabe que é apenas a flor dos
Orixás.
Ela não prende pois sabe que o verdadeiro amor é livre.
Ela não condiciona pois respeita o livre arbítrio como dom
de Deus.
Ah, ela não se ofende com quem a persegue, julga, e
ridiculariza, ela chora, pois ela sabe quem és, eles que não sabem o que fazem
e falam.
Não pode ser condenada, pois não há condenações para a
Umbanda.
Ou então Umbanda é simplesmente o toco do Preto Velho, a
fumaça do cachimbo da Vovó que tem fumo, salvia, hortelã e anis estrelado, é o
brado do caboclo e o piado da sucuri, é Rosinha, Pedrinho, Mariazinha e
Chiquinho, é atabaque soando, é o suor do Ogã, é o cambone servindo, o chicote
e o laço do Boiadeiros, a marola do Marinheiro, a dança dos Baianos, a renda da
saia da Baiana, é o negro, amarelo, branco e vermelho, é Exú gargalhando e
Pomba Gira dançando, é Orixá no céu e na Terra, é água, terra, fogo e ar, é
Deus conosco e nós do lado de Deus.
Obrigado Umbanda, de joelhos e cabeça tocando o chão, chão
que se molha de lágrimas, obrigado.
Obrigado Umbanda, pela vida, pela paz, pela força, pela
coragem, por existir, por ser quem és, por me permitir ser seu filho, amigo e
servo.
Santa Umbanda de Deus, filha dileta dos Orixás, Senhora dos
Mistérios, Mãe de todos, acolhedora, renovadora da espiritualidade, amiga dos
amigos e dos inimigos.
Obrigado, amor, gratidão... Salve e Salve minha e de todos
UMBANDA.
David Veronezi.
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